“Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados”. Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado”
José pôs-se a serviço do plano de salvação, cuidando da Sagrada Família, que Deus lhe confiou: foi um servo atencioso no momento da Anunciação; um servo prudente ao cuidar de Maria e do Menino, que carregava no seu seio; defensor da Família no momento de perigo. Estes são apenas alguns aspectos da figura de São José, que explicam por que o povo santo o venera com particular devoção.
José ensinou Jesus a andar, segurando-o pela mão. Jesus viu a ternura de Deus em José, homem justo. Em José, Jesus viu um homem de fé, que sabia encarar a vida com esperança, porque, em meio às tempestades, Deus permanece firme no leme do barco da vida.
O desígnio de Deus foi revelado a José em sonhos e a sua resposta sempre foi pronta: no momento da Anunciação do Senhor; quando Herodes queria matar o Menino; após a morte de Herodes. José era guiado por Deus e obedecia. Jesus respirou esta “submissão” filial a Deus e aprendeu a obedecer a seus pais.
A figura de José é apresentada como um homem respeitoso, delicado, capaz de colocar a dignidade e a vida de Maria acima de tudo, até mesmo da sua reputação. José aceita tudo, ciente de que é guiado pela providência de Deus; entende que a vida se revela na medida em que acolhe o plano de Deus e se reconcilia com seus desígnios. Eis o realismo cristão: acolher em Deus a própria história, para acolher o próximo.
Diante das dificuldades, José sempre encontrou recursos mais inesperados. Ele é o homem através do qual Deus desenvolve os primórdios da história da salvação; os obstáculos não impedem a audácia e a obstinação deste homem, justo e sábio. Deus confia neste homem, como confiou em Maria. Por isso, ele foi o Custódio da Sagrada Família: a de Nazaré e a de hoje, que é a Igreja.
O trabalho, entendido como participação na obra de Deus, foi desempenhado por José na sua vida e o ensinou ao seu filho Jesus: a importância do trabalho é a origem de uma nova “normalidade”, da qual ninguém está excluído. A obra de São José recorda que o próprio Deus, feito o homem, não deixou de trabalhar, pois o trabalho é a garantia da dignidade humana.
Ser pai significa preparar o Filho às experiências da vida, à realidade, sem o prender, deter, tomar posse dele, mas fazer com que ele seja capaz de fazer suas escolhas, ser livre e poder partir. A lógica do amor é sempre a lógica da liberdade: a alegria de José é doar-se. Ele se tornou inútil e viveu na sombra, para que seu Filho pudesse emergir.
A História é contada por José Zampol (in memoriam) segundo relato do seu pai que por sua vez a ouviu de seu Avô, dizia que no ano de 1893, aproximadamente, cinco anos após a chegada das quarenta famílias de italianos imigrantes que vieram para Ribeirão Pires. Formou-se um grupo dessas famílias e decidiram construir a primeira capela em Ribeirão Pires (Centro), sendo que a capela no Pilar já existia. Na reunião decidiu-se que o Patrono da Igreja seria São José. Nessa época estava em Ribeirão Pires, um engenheiro da Estrada de Ferro Saint Paul Railway, o qual era responsável por construção de obras complementares na estrada de ferro e também era quem tinha livre acesso a Cia Docas de Santos, por ser a pessoa que desembaraçava todo material usado na Estrada de Ferro que vinha importado.
Sabedor que nas Docas existia uma imagem de São José de quase 2 (dois) metros de altura, a qual tinha sido importada por uma senhora viúva que não tinha filhos e que havia falecido e portanto não podia retirar a imagem das Docas. Isso segundo consta há mais de dois anos então perguntou ao grupo de italianos se eles queriam a imagem, disseram que sim. Aí o engenheiro desembaraçou e retirou a imagem nas Docas e trouxe a mesma para Ribeirão Pires. O custo da retirada da imagem, à razão de estar retida por muito tempo, foi maior que o próprio custo dela. O nicho que havia sido feito na capela para a imagem, teve que ser refeito, porque ela não cabia nele.
Por mais curioso que seja o Engenheiro era alemão, luterano e não católico.
Fica a pergunta. Será que foi o grupo de italianos que escolheu São José, ou foi São José que quis ser o Patrono da Igreja Matriz de Ribeirão Pires?
Uma tradição centenária
Como descrevem nossos registros, desde a fundação da antiga capela de São José, em 1893, celebrou-se sempre com extraordinária solenidade a Festa de São José, preparando-se através dela a nova paróquia, a primeira de Ribeirão Pires.
Em 1924, Padre Carlos Porrini escrevia no livro tombo de nossa paróquia:
‘‘A grande festa Padroeira, foi um verdadeiro triunfo de fé. Preparei o povo com uma novena bem concorrida. O programa das festas teve uma magnífica realização. Houve alvorada, música, leilão, rifa, fogos artificiais muito bonitos. Nunca Ribeirão Pires teve céu tão esplêndido, noite tão clara, povo tão numeroso, procissão tão devota… ’’ (1 L Tombo, p.53).
Na época, as comemorações da festa de São José, tinham na parte espiritual, um tríduo ou novena que acontecia no dia do padroeiro, além de missa solene e a procissão de São José. Nesta missa, após a consagração pelo Pároco, era dado um sinal e a banda, que ficava do lado de fora da igreja, tocava o Hino Nacional Brasileiro. A procissão era realizada com a imagem de São José, a mesma que se encontra hoje no altar-mor, construído em 1954. Na Praça da Matriz, em frente à igreja, eram realizadas as festas externas, onde havia diversas barracas, como: Boca de palhaço, derruba lata, coelhinho, bar e tômbola (atual Bingo). Durante muitos anos, duas barracas de tômbola disputavam a atenção do público, a Paulista e a Vitória.
O leilão era uma das principais atrações da festa, e o item mais leiloado era o frango assado. Quem narrava o evento era o Gijão (Luis Scomparim), que adorava instigar o público para o maior lance.
A Banda de Música, Corporação Musical Lira de Ribeirão Pires, regida pelo Maestro Alfredo Della Rica, tocavam suas valsas, dobrados e marchas. O show de encerramento da festa era um dos momentos mais esperados pelo público, que contemplava o espetáculo pirotécnico, com a queima de fogos de artifício.
As festividades foram mudando com o tempo. A partir de 1977, a missa solene foi chamada “A missa dos Josés”, com a distribuição de santinhos de São José. E a procissão deixou de cruzar a linha férrea, sendo realizada pelo centro alto.
A festa manteve sua tradição ao longo dos anos sendo celebrada por toda a comunidade paroquial, sempre nos finais de semana do mês de março, com a tradicional quermesse.
Desde 2017, a festa voltou a fazer parte dos festejos da cidade e acontece no pátio da igreja, com a presença de grupos musicais. O evento ainda conta com barracas de churrasco, salgados, doces, pescas e canaleta, além do tradicional bingo.